quinta-feira, 17 de junho de 2010

Demissão

Caros alunos e caras alunas, desde ontem não trabalho mais na Escola Internacional de Alphaville, portanto este blog não tem mais razão de existir.
Caso queiram entrar em contato comigo usem o blog pessoal: http://www.proftoni.blogspot.com/ ou o e-mail: proftoni@gmail.com.
Abraços e felicidades a todos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

União Européia - O Tratado de Lisboa

O Tratado de Lisboa entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009, pondo assim termo a vários anos de negociações sobre questões institucionais.
O Tratado de Lisboa altera, sem os substituir, os tratados da União Europeia e da Comunidade Europeia actualmente em vigor. O Tratado confere à União o quadro jurídico e os instrumentos necessários para fazer face a desafios futuros e responder às expectativas dos cidadãos.

1 – Uma Europa mais democrática e transparente, com um papel reforçado para o Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais, mais oportunidades para que os cidadãos façam ouvir a sua voz e uma definição mais clara de quem faz o quê aos níveis europeu e nacional.
Um papel reforçado para o Parlamento Europeu: o Parlamento Europeu, directamente eleito pelos cidadãos da União Europeia, dispõe de novos poderes importantes no que se refere à legislação e ao orçamento da União Europeia, bem como aos acordos internacionais. Em especial, em relação à maior parte da legislação da União Europeia, o recurso mais frequente à co-decisão no processo de decisão política coloca o Parlamento Europeu em pé de igualdade com o Conselho.
Uma maior participação dos parlamentos nacionais: os parlamentos nacionais têm mais oportunidades de participar no trabalho da União, nomeadamente graças a um novo mecanismo que lhes permite assegurar que a União só intervenha nos casos em que a sua intervenção permita obter melhores resultados do que uma intervenção a nível nacional (subsidiariedade). Em conjunto com o maior peso do Parlamento Europeu, a participação dos parlamentos nacionais reforçará a democracia e conferirá uma legitimidade acrescida ao funcionamento da União.
Uma voz mais forte para os cidadãos: um grupo de, pelo menos, um milhão de cidadãos de um número significativo de Estados-Membros pode solicitar à Comissão que apresente novas propostas políticas.
Quem faz o quê: uma classificação mais precisa das competências permite uma maior clarificação da relação entre os Estados-Membros e a União Europeia.
Saída da União: pela primeira vez, o Tratado de Lisboa reconhece explicitamente a possibilidade de um Estado Membro sair da União.

2 – Uma Europa mais eficiente, com regras de votação e métodos de trabalho simplificados, instituições modernas e um funcionamento mais racional adaptados a uma União Europeia com 27 Estados-Membros e maior capacidade de intervenção nas áreas prioritárias de hoje.
Maior eficiência no processo de tomada de decisão: a votação por maioria qualificada no Conselho é alargada a novas áreas políticas para acelerar o processo de tomada de decisão e reforçar a sua eficiência. A partir de 2014, o cálculo da maioria qualificada basear-se-á numa dupla maioria de Estados-Membros e de população, representando assim a dupla legitimidade da União. Para ser aprovada por dupla maioria, uma decisão deve receber o voto favorável de 55 % dos Estados-Membros representando, pelo menos, 65 % da população da União.
Um quadro institucional mais estável e simplificado: o Tratado de Lisboa cria a função de Presidente do Conselho Europeu, com um mandato de dois anos e meio; introduz uma relação directa entre a eleição do Presidente da Comissão e os resultados das eleições europeias; prevê novas disposições para a futura composição do Parlamento Europeu e introduz regras mais claras no que se refere ao reforço da cooperação e às disposições financeiras.
Uma vida melhor para os europeus:o Tratado de Lisboa dá mais poderes aos cidadãos da União Europeia para intervirem em várias áreas políticas de grande importância, por exemplo, na área da liberdade, segurança e justiça, com destaque para o combate ao terrorismo e à criminalidade. São igualmente abrangidas outras áreas como a política energética, a saúde pública, a protecção civil, as alterações climáticas, os serviços de interesse geral, a investigação, o espaço, a coesão territorial, a política comercial, a ajuda humanitária, o desporto, o turismo e a cooperação administrativa.

3 – Uma Europa de direitos e valores, liberdade, solidariedade e segurança, com a defesa dos valores da União, a introdução da Carta dos Direitos Fundamentais no direito primário europeu, a criação de novos mecanismos de solidariedade e a garantia de uma melhor protecção para os cidadãos europeus.
Valores democráticos: o Tratado de Lisboa especifica e reforça os valores e objectivos que orientam a União. Além de serem uma referência para os cidadãos europeus, estes valores mostram ao resto do mundo o que a Europa tem para oferecer.
Os direitos dos cidadãos e a Carta dos Direitos Fundamentais: o Tratado de Lisboa consagra direitos existentes e cria novos direitos. Em especial, garante as liberdades e os princípios estabelecidos na Carta dos Direitos Fundamentais e confere um carácter juridicamente vinculativo às suas disposições. Consagra os direitos civis, políticos, económicos e sociais.
Liberdades dos cidadãos europeus: o Tratado de Lisboa protege e reforça as «quatro liberdades» e a liberdade política, económica e social dos cidadãos europeus.
Solidariedade entre Estados-Membros: o Tratado de Lisboa prevê que a União e os seus Estados-Membros ajam em conjunto, num espírito de solidariedade, se um Estado-Membro for vítima de um atentado terrorista ou de uma catástrofe natural ou provocada pela acção humana. É igualmente posta em destaque a solidariedade no domínio da energia.
Mais segurança para todos: a União tem agora mais capacidade para intervir nas áreas da liberdade, segurança e justiça e, por conseguinte, para lutar contra o crime e o terrorismo. As novas disposições em termos de protecção civil, ajuda humanitária e saúde pública têm igualmente como objectivo reforçar a capacidade de reacção da União em caso de ameaça contra a segurança dos cidadãos europeus.

4 – A Europa assume maior protagonismo na cena mundial através da articulação dos diferentes instrumentos de política externa da União, tanto na elaboração como na adopção de novas políticas. O Tratado de Lisboa permite à Europa assumir uma posição clara nas relações com os seus parceiros e tirar maior partido das suas vantagens económicas, humanitárias, políticas e diplomáticas a fim de promover os interesses e valores europeus em todo o mundo, no respeito pelos interesses individuais dos Estados-Membros em matéria de política externa.
A criação do novo cargo de Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e Vice Presidente da Comissão reforçará o impacto, a coerência e a visibilidade da acção externa da União Europeia.
Um novo serviço europeu para a acção externa apoiará o Alto Representante.
O facto de a União passar a ter uma personalidade jurídica única reforçará o seu poder de negociação, contribuindo para o aumento da sua influência na cena mundial e tornando-a mais visível para os outros países e as organizações internacionais.
No que se refere à política europeia de segurança e defesa, o Tratado prevê disposições especiais para a tomada de decisão e prepara o caminho para uma cooperação reforçada no âmbito de um pequeno grupo de Estados-Membros.

Fonte: Europa – O portal da União Europeia (disponível em: http://europa.eu/lisbon_treaty/glance/index_pt.htm)

sábado, 22 de maio de 2010

A era João Goulart

Os principais fatos do governo que antecederam o Golpe de 1964

João Goulart (Jango) assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril. Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais. Seu governo é usualmente dividido em duas fases: Fase Parlamentarista (da posse em 1961 a janeiro de 1963) e a Fase Presidencialista (de janeiro de 1963 ao Golpe em 1964).

Plebiscito - O parlamentarismo foi derrubado em janeiro de 1963: em plebiscito nacional, 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Enquanto durou, o parlamentarismo teve três primeiros-ministros, entre eles, Tancredo Neves, que renunciou para candidatar-se ao governo de Minas Gerais.

Conquistas Trabalhistas - Em 1961 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Pacto de Unidade e Ação, de caráter intersindical, convocaram uma greve reivindicando melhoria das condições de trabalho e a formação de um ministério nacionalista e democrático. Foi esse movimento que conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizaram, no mesmo ano, o 1º Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso exigiu reforma agrária e CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais.

Plano Trienal - João Goulart realizou um governo contraditório. Procurou estreitar as alianças com o movimento sindical e setores nacional-reformistas, mas paralelamente tentou programar uma política de estabilização baseada na contenção salarial. Seu Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado pelo ministro do Planejamento Celso Furtado, tinha por objetivo manter as taxas de crescimento da economia e reduzir a inflação. Essas condições, exigidas pelo FMI, seriam indispensáveis para a obtenção de novos empréstimos, para a renegociação da dívida externa e para a elevação do nível de investimento.

Reformas de Base - O Plano Trienal também determinou a realização das chamadas reformas de base: reforma agrária, fiscal, educacional, bancária e eleitoral. Para o governo, elas eram necessárias ao desenvolvimento de um "capitalismo nacional" e "progressista".
O anúncio dessas reformas aumentou a oposição ao governo e acentuou a polarização da sociedade brasileira. Jango perdeu rapidamente suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, reforçou as alianças com as correntes reformistas: aproximou-se de Leonel Brizola, então deputado federal pela Guanabara, de Miguel Arraes, governador de Pernambuco, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do Partido Comunista, que, embora na ilegalidade, mantinha forte atuação nos movimentos popular e sindical. O Plano Trienal foi abandonado em meados de 1963, mas o Presidente continuou a implementar medidas de caráter nacionalista: limitou a remessa de capital para o exterior, nacionalizou empresas de comunicação e decidiu rever as concessões para exploração de minérios. As retaliações estrangeiras foram rápidas: governo e empresas privadas norte-americanas cortaram o crédito para o Brasil e interromperam a negociação da dívida externa.

Agitação no Congresso - No Congresso se formaram a Frente Parlamentar Nacionalista, em apoio a Jango, e a Ação Democrática Parlamentar, que recebia ajuda financeira do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (I.B.A.D.), instituição mantida pela Embaixada dos Estados Unidos. Crescia a agitação política. A polarização entre esquerda e direita foi-se recrudescendo. Na "esquerda", junto a Jango, estavam organizações como a UNE, a CGT e as Ligas Camponesas; no campo oposto, na "direita", encontravam-se o IPES, o IBAD e a TFP (Tradição, Família e Propriedade).
A crise se precipitou no dia 13 de março, em razão da realização de um grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Perante 300 mil pessoas Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriou, para a reforma agrária, propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. Paralelamente a tudo isso, cumpre assinalar que a economia encontrava-se extremamente desordenada.

Apoio ao Golpe - Em 19 de março foi realizada, em São Paulo, a maior mobilização contra o governo: a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", organizada por grupos da direita, com influência dos setores conservadores da Igreja Católica. A manifestação, que reuniu cerca de 400 mil pessoas, forneceu o apoio político para derrubar o Presidente. No dia 31 de março, iniciou-se o verdadeiro movimento para o golpe. No mesmo dia, tropas mineiras sob o comando do general Mourão Filho marcharam em direção ao Rio de Janeiro e a Brasília. Depois de muita expectativa, os golpistas conseguiram a adesão do comandante do 2º Exército, General Amaury Kruel. Jango estava no Rio quando recebeu o manifesto do General Mourão Filho exigindo sua renúncia. No dia 1º de abril pela manhã, parte para Brasília na tentativa de controlar a situação. Ao perceber que não conta com nenhum dispositivo militar e nem com o apoio armado dos grupos que o sustentavam, abandona a capital e segue para Porto Alegre.
Nesse mesmo dia, ainda com Jango no país, o Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República. Ranieri Mazzilli, Presidente da Câmara dos Deputados ocupou o cargo interinamente. Exilado no Uruguai, Jango participou da articulação da Frente Ampla, um movimento da Redemocratização do país, junto a Juscelino e a seu ex-inimigo político, Carlos Lacerda. Mas a Frente não logrou êxito. João Goulart morreu na Argentina em 1976.

Fonte: Universia – disponível em http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=3160 – acessado em 20/5/2010.

NAFTA


ALCA

Vida artificial

terça-feira, 18 de maio de 2010

Mais dados sobre países:

De oásis a deserto - por Juliette Jowit

É difícil imaginar por que os seres humanos teriam escolhido o árido e pedregoso deserto de Wadi Faynan para seu primeiro assentamento. Mas a água teria sido um motivo importante, diz o arqueólogo Steven Mithen. Quando os homens e as mulheres neolíticos chegaram, 11,5 mil anos atrás, as coisas eram muito diferentes. O clima era mais fresco e úmido, a paisagem, coberta de vegetação, incluindo figos, legumes e cereais, e teria havido cabras selvagens para comer.
Inicialmente, o WF16, como é chamado hoje, seria um acampamento temporário. Mas Mithen, professor de pré-história na Universidade de Reading, e seu colega arqueólogo Bill Finlayson acreditam que, gradualmente, as pessoas passaram a ficar mais tempo. Peneirando evidências tão antigas, os arqueólogos não podem ter certeza, mas restos de alimentos de diferentes temporadas e a escala das pilhas de “detritos” sugerem que cerca de 10 mil anos atrás os habitantes do lugar pararam de se mudar. Se eles estiverem certos, este sítio seria um dos mais antigos já encontrados onde os humanos fizeram um assentamento permanente, aprenderam a praticar a agricultura e mudaram o rumo da civilização humana. Mas a pequena comunidade, atraída pela água, que trouxe ondas sucessivas de colonos, acabaria destruindo o recurso que possibilitava a vida. Um padrão que se repete há milênios em todo o mundo, e hoje nos ameaça em escala global.
Primeiro as pessoas cortaram as árvores para fazer abrigos e usar como combustível, até que a chuva lavou o solo em vez de se infiltrar nos aqüíferos rasos, e as nascentes secaram. Tão longe quanto a Idade do Bronze, pelo menos, os agricultores iniciaram a obsessão da humanidade por desviar água para as plantações, para alimentar a população crescente. Enquanto isso, o clima úmido e fresco que incentivou os primeiros assentamentos tornava-se naturalmente mais seco e quente.
Ao menos duas vezes, os historiadores acreditam, Wadi Faynan foi abandonado. Na primeira, possivelmente por causa de uma mudança acentuada do clima, e mais tarde porque ficou poluído demais. Hoje, os beduínos que sobrevivem no vale enfiaram canos no leito seco do rio para sugar o que restou da nascente e irrigar os campos de tomates que arrancam do solo seco. Mas está ficando mais difícil. Segundo a lenda local, hoje as boas chuvas ocorrem a intervalos de mais de dois anos.
Os agricultores de Wadi Faynan não são os únicos. Assim como outras comunidades em todo o mundo, eles estão pagando o preço por milhares de anos de exploração do meio ambiente. Um bilhão de pessoas já não têm água limpa suficiente para beber, e 2 bilhões não contam com água adequada para beber, limpar e comer. A escassez é a causa de muitas crises mundiais graves: milhões de mortes por ano por doenças e desnutrição, fome crônica, mantendo as crianças longe das escolas, que são a esperança de uma vida melhor. São principalmente os pobres que sofrem com isso, mas cada vez mais países ricos também enfrentam dificuldades.
A Austrália sofreu tantos anos de seca que um importante climatologista disse que está na hora de parar de dizer “afetado pela seca” e aceitar que a falta de chuva é permanente.
Em partes dos EUA, as reservas são tão vulneráveis que no outono passado a Cruz Vermelha entregou pacotes de água à cidade de Orme, no Tennessee. “Eu pensei: ‘Não pode ser a Cruz Vermelha! Somos americanos! ’”, disse a moradora Susan Anderson a um repórter. Na Califórnia, alguns agricultores abandonaram suas plantações neste ano, quando o governador Arnold Schwarzenegger declarou a primeira seca estadual generalizada em dezessete anos. Enquanto isso, Barcelona estava tão desesperada que começou a importar navios-tanque de água das cidades do litoral.
O Instituto Internacional da Água, em Estocolmo, fala em “uma aguda e devastadora crise humanitária”. O fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, adverte sobre uma “tempestade perfeita”. Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, levantou o espectro de “guerras por água”. E, conforme a população cresce e enriquece, e o aquecimento global modifica o clima, os especialistas estão avisando que, a menos que se faça alguma coisa, outros bilhões de pessoas vão sofrer escassez de água, precipitando a fome, doenças, migração e, em última instância, conflitos.
Em uma aposta para evitar essa catástrofe, políticos, economistas e engenheiros estão pressionando por mudanças drásticas na maneira de administrar a água, desde o plantio de árvores e simples poços de armazenamento até esquemas de bilhões de dólares para reequipar o planeta com barragens e tubulações, ou fabricar água doce com os esgotos e o mar.
A crise da água é uma expressão da catástrofe ambiental da superexploração humana. Esta é a era que o Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen chamou de “Antropoceno”, porque o sistema natural foi fundamentalmente modificado pela atividade humana. E tudo começou quando as pessoas se assentaram e começaram a cortar madeira e plantar.
“O início das comunidades sedentárias é o início da necessidade de administrar os suprimentos de água doce”, diz Mithen. “Este é o ponto inicial de todo o nosso dilema moderno. Passou de uma preocupação dos assentamentos individuais para cidades e países, e hoje é uma questão global.”
Teoricamente, há água suficiente na Terra para sustentar seus 6,5 bilhões de habitantes. Mais de 97% de toda a água do planeta é salgada, e a maior parte da água doce está presa nas camadas de gelo da Antártida e da Groenlândia. Mas isso ainda deixa 10 milhões de quilômetros cúbicos de água potável, circulando em ciclos de evaporação e precipitação entre a atmosfera e a Terra, onde aparece em aqüíferos subterrâneos, lagos e rios, geleiras, bancos de neve, em charcos, no permafrost e no solo. Cada quilômetro cúbico equivale a 1 trilhão de litros, ou 1 bilhão de toneladas de água, aproximadamente o débito anual do rio Nilo.
Do outro lado da equação, a ONU diz que os indivíduos precisam de 5 litros de água por dia, simplesmente para sobreviver em um clima moderado, e de ao menos 50 litros diários para beber e cozinhar, tomar banho e usar em saneamento. A indústria responde aproximadamente pelo dobro do uso doméstico. Mas a agricultura precisa de muito, muito mais. Na verdade, 90% de toda a água usada pelos seres humanos. A água não se “perde” na terra, mas o exagero de abstração dos irrigadores significa que muitas vezes ela é desviada de onde é mais necessária. Tony Allan, do King’s College, em Londres, estima que, juntos, 6,5 bilhões de indivíduos precisam de 8 mil quilômetros cúbicos de água por ano, uma fração do que está teoricamente disponível. “Certamente há água suficiente para todo mundo no planeta, mas com freqüência está nos lugares errados, nas horas erradas. nas quantidades erradas”, diz Marq de Villiers, autor do livro Água, de 2001.
Três horas ao norte de Wadi Faynan fica o muito mais verde Wadi Esseir, onde Salah Al-Mherat e sua família são um dos milhões de lares da Jordânia que sentem diariamente os efeitos de viver em um dos países mais secos da Terra. Uma vez por semana, Al-Mherat recebe água da cooperativa de irrigação local para seus pés de figo, limão, azeitona, romã e legumes. Para o resto, ele conta com a chuva. Mas desde a década de 1990 as nascentes vêm secando, esgotadas pela demanda da capital vizinha, Amã, e a chuva tem diminuído.
Em uma manhã quente de abril, Al-Mherat volta da colheita de ervilhas, veste seu roupão e se acomoda sobre uma pilha de almofadas. Revolvendo um bule com chá perfumado, ele explica que as plantações hoje mal cobrem os custos. Ele tem de trabalhar como guarda de segurança para complementar a renda. “Quando eu comecei era muito bom, comparado com hoje”, diz. “O primeiro impacto foi que o tamanho da área irrigada diminuiu. As pessoas também mudaram o que elas plantavam, por isso hoje a água vai principalmente para árvores.” Al-Mherat diz que ele continua esperando que as coisas melhorem, porque vai passar a terra para seus filhos. “É a minha vida”, diz. “Mas, apesar de eu ser positivo, a realidade é que é como o desejo do diabo de ir para o paraíso.”
A população global, o desenvolvimento econômico e um crescente apetite por proteína de carne, laticínios e peixes aumentaram a demanda humana por água seis vezes em 50 anos. Enquanto isso, as reservas diminuíram de várias maneiras: cerca de 845 mil represas bloqueiam a maioria dos rios do mundo, privando as comunidades ribeirinhas de água e sedimentos e aumentando a evaporação. Até metade da água se perde em vazamentos. Mais de 1 bilhão de pessoas simplesmente não têm uma infra-estrutura adequada e a água que resta é muitas vezes poluída por produtos químicos e metais pesados de fazendas e indústrias, acusadas pela ONU de envenenar mais de 100 milhões de seres humanos. E, além disso, as chuvas estão ficando menos previsíveis em muitas regiões.
Por trás desses problemas há um paradoxo. Porque a água, e o movimento da água, é essencial para a vida e central para muitas religiões, ela é tradicionalmente considerada um bem “comum”. Mas nenhum indivíduo é responsável por ela. De Wadi Esseir ao árido Meio-Oeste americano, os agricultores ou não pagam pela água ou apenas uma fração do que os proprietários de residências, por isso eles têm menos interesse em conservá-la e poderiam impedir os fornecedores de verbas de melhorar a infra-estrutura.
A ONU define “escassez de água” como menos de mil metros cúbicos de água limpa renovável por pessoa por dia para beber, lavar, plantar alimentos e conduzir empresas. Por essa medida, metade da população mundial vive em países que sofrem escassez de água. A Jordânia é um dos com mais escassez do mundo, com uma média de apenas 160 metros cúbicos de água renovável por pessoa por ano.
O resultado é que nem só os agricultores são racionados. A família Al-Mherat, como o resto da Grande Amã, só recebe água em casa um dia por semana. Uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes funciona ao ritmo do “dia da água”, diz a doutora Khadija Darmame, que faz parte de um projeto de 2 milhões de dólares organizado por Mithen e patrocinado pela Fundação Leverhulme, da Grã-Bretanha, para estudar as relações entre “água, vida e civilização” na Jordânia, desde os mais antigos assentamentos até a época moderna.
Os pobres suprimentos e os tanques estagnados ocasionalmente provocam infecções. Mas em geral o problema é o trabalho rotineiro. “A primeira coisa a fazer é lavar o máximo de roupa e então limpar a casa”, diz Darmame. As crianças e os homens tomam banho, “por último as mulheres, e depois você precisa de algumas horas para encher as caixas”, empilhadas sobre todos os tetos.
Para milhões de outros, a falta de suprimento é uma questão de vida e morte. A falta de água potável e para saneamento é amplamente responsável pela morte de 11 milhões de crianças com menos de 5 anos por doenças e desnutrição por ano, por cerca de 1 bilhão de pessoas que têm fome crônica, e 2 bilhões que sofrem o que a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO), da ONU, chama de “insegurança alimentar”, porque elas não têm alimento e nutrição adequados para uma “vida ativa e saudável”. E por manter mais de 60 milhões de meninas fora da escola. Essas pessoas são apanhadas em uma armadilha de água e pobreza: dois terços das pessoas que não têm água suficiente para as necessidades básicas vivem com menos de 2 dólares por dia. “A variação da disponibilidade de água é forte e negativamente relacionada à renda per capita”, diz o professor Jeffrey Sachs, autor de Common Wealth: Economics for a crowded planet (Riqueza Comum: Economia para um planeta superpovoado) e assessor especial do secretário-geral da ONU. A saúde frágil, a falta de educação e a fome tornam difícil escapar.
Em última instância, a falta de água é vista como uma ameaça à paz. Do genocídio em Darfur (Sudão) a disputas entre estados na Índia e nos EUA, Ban Ki-moon é um dos vários líderes globais que fizeram advertências sobre novas disputas legais e armadas por causa da água. Intuitivamente, é óbvio que as pessoas vão lutar por seu recurso mais precioso, mas até agora poucos conflitos eclodiram. A idéia de “guerras da água” dominou a imaginação pública em 2001, quando o livro de Marq de Villiers com esse título foi publicado no Reino Unido, mas o autor discordou da escolha do título pela editora. De Villiers concorda que a água é muitas vezes uma causa subjacente de tensão, mas só identificou uma “guerra” da água, entre o Egito e o Sudão. “Você não pode passar sem água, então quando há escassez os países cooperam e fazem compromissos”, ele diz.
Mas, se metade da população mundial vive em países com poucas reservas de água, como tantos, desde os “cestos de pão” da Ásia às cidades enormes do árido Oeste americano, continuam irrigando os campos e abastecendo as redes de distribuição?
O motivo é que “a água corre morro acima para o dinheiro”, como diz o ditado. Assim, a população do Kuwait, rico em petróleo, goza de uma cara dessalinização, enquanto os palestinos sofrem dificuldades diárias. Os turistas em Amã podem abrir a torneira a qualquer momento, enquanto os que estão nas áreas pobres da cidade só têm acesso à água durante algumas horas por semana. Como diz Tony Allan: “A escassez de água não representa sérios problemas para os jardineiros em Hampshire ou os donos de residências com piscinas na Califórnia”.
Revendo a história da luta da humanidade para obter água suficiente, a experiência sugere que a iniciativa que permitiu que os humanos se assentassem, plantassem e dominassem o planeta vai fornecer muitas soluções. Mas às vezes pode ser necessário aceitar a derrota. “De um lado você pode ver essa incrível engenhosidade tecnológica dos humanos, que durante toda a pré-história e a história constantemente inventaram novas maneiras de administrar o suprimento de água”, diz Mithen. “De outro, a história do passado nos diz que, às vezes, por mais brilhantes que sejam as invenções tecnológicas, simplesmente não são boas o suficiente e você tem períodos de abandono de paisagens. Precisamos estar preparados para investir em tecnologia, mas também para reconhecer em algumas partes do mundo que há áreas onde vamos ter de dizer ‘já basta’.”

Informações sobre os países



quarta-feira, 5 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

IDH

Clique aqui e acesse a tabela do IDH atualizada.

OMC

É só clicar na imagem para obter mais informações:
 

IBGE TEEN

Encontre aqui diversas informações sobre o Brasil:

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Encontro com Milton Santos

O mundo global visto do lado de cá

domingo, 28 de março de 2010

Índice de Gini

Fonte: CartaCapital - nº 584 - 24/2/2010 - p. 10
Para saber o que é Índice de Gini é só clicar aqui.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Deriva Continental

Falla de San Andrés

Metrópole para poucos

Rodrigo Martins - Revista CartaCapital

Paraisópolis, localizada no rico bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo, é considerada uma favela privilegiada. Boa parte dos seus 80 mil habitantes, segundo o último Censo do IBGE, não precisa enfrentar longos trajetos para chegar ao trabalho. As oportunidades de emprego estão na vizinhança abastada. Ao redor da favela, uma extensa rede de restaurantes, shoppings, salas de cinema, hipermercados, parques, casas de espetáculo.
Os moradores de Paraisópolis, contudo, não se sentem tão privilegiados assim. “Ninguém tem dinheiro para frequentar esses lugares. Quando muito, vai de vez em quando ao cinema. A maioria prefere pagar 1 real pelo DVD pirata e ver um filme por aqui mesmo”, comenta Juliana Oliveira, 24 anos, supervisora de um telecentro da favela e estudante de Gestão Ambiental da Universidade Bandeirantes (Uniban). “Diversão fora da favela é privilégio.”
Nem por isso ela se queixa de morar na segunda maior favela de São Paulo, atrás apenas de Heliópolis, com uma população estimada em 120 mil habitantes. “Aqui temos quase tudo. Supermercados, farmácias, academias de ginástica, pizzarias, bares com música ao vivo, lan house e até um parque de diversões”, comenta Juliana, sorriso orgulhoso. “E tudo isso construído pelos próprios moradores, que criaram pequenos comércios e progrediram. Está vendo aquele supermercado?”, aponta. “Faço as minhas compras do mês ali. É praticamente o mesmo preço de um hipermercado e economizo uns 30 reais que gastaria de táxi para trazer as compras até em casa.”
Paraisópolis exemplifica uma tendência apontada por arquitetos e urbanistas de renome. Em uma cidade agredida pelo trânsito e com escassez de espaços públicos de convivência, a população naturalmente orienta-se para a vida de bairro. “Aquilo que os urbanistas e os políticos não foram capazes de fazer, isto é, uma mistura de residências e escritórios, serviços e verde, os cidadãos construíram sozinhos”, afirma o arquiteto italiano Massimiliano Fuksas, autor, entre outros projetos, do Centro da Paz em Jafa, Israel. “Este espaço (o bairro) foi promovido para abrigar o tempo livre e a cultura de seus habitantes e promovido ao velho e eterno conceito de ‘vilarejo’”, completa Fuksas, em artigo publicado na edição 577 de CartaCapital.
A opinião é compartilhada pelo antropólogo francês Olivier Mongin, que narrou sua experiência ao desbravar São Paulo recentemente, após ser “iniciado” por paulistanos. “Não vi uma Trinidad, uma Kinshasa ou um Cairo em São Paulo. Vi parques, jardins, espaços abandonados, pichações, muros sem publicidade, tive a oportunidade de ir a áreas industriais próximas do centro. São Paulo se faz de bairros múltiplos e variados, nos quais sentimos uma forte autonomia.”
A existência no bairro, contudo, não garante qualidade de vida para a maioria da população. Na cidade que concentra isoladamente 12% do PIB brasileiro, a geografia de oportunidades é extremamente desigual e perversa. O distrito de Moema, que abriga a Vila Nova Conceição, bairro com o metro quadrado mais caro de São Paulo, possui uma renda per capita média de 5,5 mil reais e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,961, ---superior ao de países como Suíça, Dinamarca e Estados Unidos. Mas 90% da população paulistana possui condições de vida consideradas baixas ou muito baixas. É o caso dos moradores do Jardim Helena, na zona leste, região severamente castigada pelas recentes enchentes do rio Tietê. Com uma população de 124,9 mil habitantes, o distrito possui uma renda média de 584 reais e um IDH inferior ao de países como Gabão e Sri Lanka.
Para especialistas, a falta de planejamento urbano e a ausência de espaços públicos de lazer, cultura, educação e esporte agravam o problema. “Poucos bairros concentram a maioria das oportunidades de trabalho. E é em torno deles que também estão concentrados os equipamentos públicos”, afirma o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Polis. “A vivência de bairro é uma experiência muito diferente nas diversas regiões da cidade. Quem mora na periferia e perde de duas a quatro horas se deslocando para o trabalho tende a ficar enclausurado em casa diante da tevê ou entretido em afazeres domésticos. Até porque, para ter acesso às opções gratuitas de lazer e cultura, ele teria de voltar a percorrer longas distâncias. Por vezes, a rua é o único espaço de convivência, mas, mesmo assim, um ambiente precário e sem segurança.”
O Movimento Nossa São Paulo possui um banco de dados que comprova o desequilíbrio de oportunidades. Das 31 subprefeituras da capital paulista, apenas quatro (Sé, Pinheiros, Lapa e Vila Mariana) concentram 50% dos postos de trabalho. Somadas, 14 outras subprefeituras (como Perus e Cidade Tiradentes) possuem apenas 10,6% dos empregos disponíveis na cidade. Não é tudo. Enquanto os bairros de três subprefeituras concentram 44% dos cinemas da cidade, 13 subprefeituras possuem uma participação próxima de zero. Em relação à distribuição dos equipamentos públicos, a discrepância permanece. Treze subprefeituras possuem uma participação inferior a 1% dos equipamentos culturais. Oito não possuem equipamentos esportivos gratuitos.
“Não causa surpresa que 57% da população paulistana demonstre interesse em abandonar a cidade, numa recente pesquisa de satisfação feita pelo Ibope e encomendada por nós”, afirma o empresário Oded Grajew, secretário-executivo do Movimento Nossa São Paulo. “E o pior é que não temos condições de avaliar se o poder público está investindo para reverter essas disparidades. Há três anos, solicitamos à prefeitura o orçamento destinado a cada distrito ou subprefeitura, para avaliar se os investimentos estão de acordo com a necessidade da população. Mas até agora eles não divulgaram isso.”
Os problemas de mobilidade na capital paulista – que registra congestionamentos de até 293 quilômetros e obriga os paulistanos a perder, em média, 2h40 diariamente no deslocamento entre a casa e o trabalho – não apenas explicam a opção de muitos pela vida de bairro como o crescimento caótico e desigual da cidade. O urbanista Cândido Malta Campos Filho, professor da FAU-USP, lembra que a elite paulistana abandonou o centro histórico da cidade justamente quando os congestionamentos na região passaram a comprometer a qualidade de vida dos moradores. “Os ricos e a classe média que viviam por lá começaram a ocupar a área do centro expandido. O eixo de centralidade deslocou-se para a Paulista, e continua mudando. Boa parte das grandes empresas transferiu-se para a avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na região do Brooklin, e essa mudança de centralidade continua em curso”, diz.
O fenômeno veio acompanhado de um efeito perverso: a periferização da cidade. “Normalmente, quando a classe média sai do centro para fugir do trânsito, o centro passa a ser ocupado pelos mais pobres. Foi o que aconteceu em várias cidades americanas, como Houston e São Francisco. Em São Paulo, não”, afirma o urbanista. “Para efeito de especulação imobiliária, os antigos proprietários preferem deixar os imóveis do centro vazios a vendê-los, porque acham que podem ganhar mais quando houver investimentos para a recuperação das áreas degradadas da região. Como consequência, os pobres veem-se obrigados a viver na periferia, muitas vezes em áreas de risco, como encostas de morros, várzeas de rios, áreas de mananciais, em regiões sem infraestrutura de saneamento, onde o poder público tem de fazer tudo a partir do zero.”
Para quem pode fugir do trânsito e vive num bairro bem estruturado, circular- pela cidade e desbravar novos territórios não faz tanta falta. “Antes, eu só saía do Tatuapé para ter acesso a boas opções gastronômicas. Agora, já há bons restaurantes por aqui mesmo. Estão mais raras as minhas andanças por São Paulo”, afirma Anselmo Neves, 44 anos, dono de uma pizzaria e do badalado restaurante Bacalhoeiro, frequentado pelos moradores dos prédios de alto padrão que se multiplicaram pelo bairro na última década. “Demoro cinco minutos para chegar ao trabalho e me viro muito bem por aqui. Consegui realizar o sonho da maioria dos moradores desta região: fugir do trânsito da Radial Leste e da Marginal do Tietê”, comemora Neves, nascido e criado no Tatuapé. Povoado por imigrantes portugueses, italianos, espanhóis e sírios, o bairro cresceu com o progresso dos pequenos comerciantes da região e, recentemente, após a instalação dos shoppings Anália Franco e Metrô Tatuapé, passou a abrigar empreendimentos imobiliários grandiosos, com apartamentos que chegam a custar mais de 4,5 milhões de reais. Vários artistas e jogadores de futebol fixaram residência por lá.
Para a maioria da população, a possibilidade de morar e trabalhar no mesmo bairro não passa de um sonho. “A cidade possui 11 milhões de habitantes, mas na realidade está inserida numa grande malha urbana com mais de 20 milhões de moradores. Dada essa característica, é natural a existência de uma estrutura policentrada, com vários núcleos aparentemente autônomos, com uma rede de serviços locais”, afirma o urbanista Jorge Wilheim, que foi secretário de Planejamento Urbano da cidade na gestão da prefeita Marta Suplicy. “Mas não dá para viver recluso em um único bairro. São poucos os profissionais que podem escolher o local de trabalho. A grande maioria dos assalariados não tem escolha. Trabalha onde há oferta de emprego.”
Wilheim destaca ainda que a maioria dos serviços é oferecida à população pela iniciativa privada, e não pelo poder público, que dispõe de poucos e mal distribuídos equipamentos de lazer, educação e cultura. “Em praticamente todas as regiões de São Paulo, há bares, restaurantes, comércio local e shoppings, agora- -convertidos na praça moderna, onde as pessoas se encontram. Mas isso tudo é regido pela lógica do consumo. Usufrui quem pode pagar. Alguns lugares são inacessíveis para pedestres, só entram carros, como é o caso do Shopping Cidade Jardim, na beira da Marginal do Pinheiros.”
Para o arquiteto Marcos Acayaba, professor do Departamento de Projetos da FAU-USP, a substituição da praça pelo shopping center como ponto de encontro e troca de experiências é mais um sinal da falência de políticas públicas. “Em um parque, o rico e o pobre têm a possibilidade de se encontrar, de trocar experiências, de interagir. O espaço privado seleciona o público pela renda”, afirma. “Mas a convivência entre não iguais é muito mais rica. Não consigo entender a opção do setor imobiliário de investir em lugares exclusivistas, em condomínios fechados em si mesmos, em cidadelas fortificadas que supostamente oferecem tudo ao morador. Quando inauguraram esse empreendimento do Parque Cidade Jardim, muitas pessoas vieram dizer: “Puxa, que legal. Dá para trabalhar, morar e se divertir no mesmo lugar”. E eu pensando: mas qual é a graça de viver numa prisão de luxo?”
O Parque Cidade Jardim abrange um condomínio de nove torres residenciais e três prédios comerciais, incorporado pela imobiliária JHSF. Além do shopping homônimo, está prevista a construção de um spa e de um hotel. O complexo possui os apartamentos mais caros de São Paulo. Uma cobertura de 1,7 mil metros quadrados pode custar 18 milhões de reais. Apesar do preço, não parecem faltar interessados em adquirir unidades com vista privilegiada para o poluído rio Pinheiros. O desconforto da coexistência com uma favela vizinha já foi contornado. A empreiteira ofereceu dinheiro para dezenas de famílias saírem do local. E uma violenta ação de despejo da Polícia Militar, com uso de bombas de efeito moral e tratores, se encarregou de remover uma extensão da favela Real Parque, também próxima do condomínio de luxo.
“A iniciativa privada não está errada em oferecer esse tipo de empreendimento nem de investir na estruturação de bairros para quem possui poder aquisitivo mais elevado”, ressalva Kazuo Nakano, do Instituto Polis. “Mas o poder público precisa entender que a iniciativa privada nem sempre se move de acordo com o interesse público. E é preciso garantir o acesso da população a todos os benefícios que a cidade pode oferecer.” Como exemplo cita Paraisópolis: “A favela está bem localizada, mas a população não tem acesso às opções de cultura e lazer, porque são quase todas pagas. Se eles se voltam para a vida dentro da favela, não é por uma opção, e sim por necessidade”.
A jovem Elizandra Cerqueira, 21 anos, voluntária da associação de moradores de Paraisópolis, confirma a falta de opções de lazer e cultura gratuitos. “Somente no fim de 2008 inauguraram na favela um Centro Educacional Unificado (CEU), que deixa a população usar a piscina, as quadras e o parquinho das crianças”, comenta. “Antes disso, não tinha nada. Só o Playzópolis, a nossa versão modesta do PlayCenter.” O parque de diversões possui roda-gigante, carrinho de bate-bate, barco viking e a popular lanchonete “McDouglas”. O ingresso para cada brinquedo custa 2,5 reais.- “Para quem não é mais criança, a diversão são as rodas de samba e as casas de forró. Vem gente até de outros bairros. E o preço cabe no bolso”, comenta.
Outros bairros, como o Jardim Pantanal, no distrito Jardim Helena, zona leste, possuem menos opções. “Para ir ao cinema, temos de ir até o shopping Itaquera ou Tatuapé, nenhum deles a menos de 50 minutos daqui. Quase ninguém vai, porque o ingresso é caro e também tem o custo da condução. Os que não estão desempregados trabalham longe. Demoram duas, três horas para chegar ao trabalho. Quando voltam para casa, estão esgotados. Ficam na frente da tevê”, comenta o líder comunitário Ronaldo Delfino de Souza, do Movimento pela Urbanização e Legalização do Pantanal (Mulp). “No fim de semana, algumas entidades privadas, como o Instituto Alana, oferecem opções de lazer e cultura, mas é pouco diante da demanda. Quem se anima a sair de casa tem dois destinos certos: o bar ou a igreja.”
O Pantanal é um dos bairros mais atingidos pelas inundações do rio Tietê. Desde 8 de dezembro, quando uma enchente castigou diversos bairros da região, muitas ruas- continuam alagadas e os moradores sofrem com a ameaça de despejo iminente. “Uma das raras opções de lazer oferecidas pelo poder público por aqui é o CEU Três Pontes, no Jardim Romano. Mas mesmo isso nós perdemos. A escola continua ilhada pelas inundações”, emenda Souza.
“Para quem não mora em bairros abastados ou em condomínios de luxo, fechados em si mesmos, a solução é a mobilidade plena”, defende a urbanista Raquel Rolnik, professora da USP e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada. “É natural que as pessoas tentem se proteger nos bairros em que vivem, especialmente se para chegar ao local de trabalho ou estudo elas perdem muitas horas paradas no trânsito. Mas a riqueza da vida urbana está na heterogeneidade, nas possibilidades de convivência e trocas culturais entre diferentes grupos sociais, com diferentes estilos de vida e modos de pensar.”
Para a urbanista, o risco de uma aposta irrefletida na vivência de bairros autônomos ou fechados em si mesmos é o de se construir uma cidade repleta de guetos, na qual um grupo não dialoga com o outro. “O setor imobiliário reforça essa concepção, criando espaços na cidade inacessíveis a quem não tenha título de propriedade ou não possa pagar. Mas eu percebo que boa parte da população está caminhando na direção contrária. Ela está sempre presente nos poucos parques que a cidade tem, comparece em massa quando há eventos culturais, está ocupando as calçadas da cidade, nem que seja dentro de uma lógica de consumo, tomar uma cerveja com os amigos”, diz Rolnik. “A Vila Madalena era um bairro de convivência local, hoje é um point. A região da Augusta, antes esquecida e degradada, está atraindo jovens de todos os cantos da cidade e até mesmo de outras regiões do país. Seria muito pobre se a população não pudesse ter acesso a essa diversidade.”
É consenso entre os especialistas que a única forma de livrar São Paulo do afogadiço e garantir cidadania plena aos seus habitantes é investir maciçamente em transporte coletivo, para garantir a mobilidade da população, e distribuir de maneira mais equânime os equipamentos públicos de lazer, educação e cultura, bem como a infraestrutura de saneamento básico.
Os gestores públicos conhecem bem a fórmula e repetem o discurso dos especialistas como um mantra. Mas a realidade ainda parece muito distante das promessas. “Não discuto a necessidade de obras como a Ponte Estaiada e a duplicação da Marginal do Tietê. O que eu me pergunto é se não valeria mais a pena pegar esses bilhões e investir na ampliação do Metrô, que cresce a passos de tartaruga”, diz Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo. “Se todos concordam que é preciso investir em transporte coletivo, para garantir mobilidade, por que damos mais espaço para carros particulares circularem? Se há consenso de que é necessário descentralizar os investimentos, para garantir uma cidade mais justa e equilibrada, por que não vemos obras na periferia com a mesma intensidade e frequência que o centro expandido? Parece muito difícil mudar essa lógica. A periferia não financia campanhas políticas. E os governos têm de satisfazer os interesses de quem os financia.”
Fonte: CartaCapital – 28/01/10 – disponível em http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=5880 – acessado em 30/01/10.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Capitalismo e revoluções das novas tecnologias

Capitalismo e revoluções das novas tecnologias

Fernanda Machado* Especial para a Página 3 - Pedagogia & Comunicação

O capitalismo industrial é uma nova fase desse sistema econômico, que surge em meio a um processo de revoluções políticas e tecnológicas, na segunda metade do século 18. Com essa nova fase é superado o capitalismo comercial, também chamado de mercantilismo, que surgiu em fins do século 14 e vigorou até então. Muitos fatores econômicos, sociais e políticos contribuíram para o desenvolvimento dessa nova forma de capitalismo.
Na economia, o grande impacto foi trazido pelas transformações nas técnicas e no modo de produção. As máquinas passaram a ser utilizadas em larga escala, tornando ultrapassados os métodos de produção anteriores, de caráter artesanal. Esse processo ficou conhecido como Revolução Industrial e teve seu início na Inglaterra.
Tanto do ponto de vista da economia, quanto da política, outra transformação importante foi a independência dos Estados Unidos, a chamada Revolução Americana, de 1776. Ela constituiu o primeiro grande abalo numa das bases do mercantilismo, o sistema colonial, em que as colônias americanas, africanas ou asiáticas se mantinham submissas aos interesses das metrópoles européias.

A nobreza e o clero
Finalmente, a terceira transformação radical foi a Revolução Francesa de 1789. Essa Revolução pretendeu a derrubada do Antigo Regime, constituído em torno de monarquias absolutas, em que o poder dos nobres e da Igreja prevalecia sobre os outros grupos sociais.
Tantas revoluções, quase simultâneas, deixam claro que essa velha ordem não podia mais se manter. A sociedade baseada no absolutismo e no mercantilismo oferecia privilégios aos nobres e ao clero, mas concedia poucos direitos ao povo. "Povo", naquela época, significava tanto os burgueses ricos, mas sem direitos políticos, como o mais miserável dos trabalhadores. Assim, diferentemente dos nossos dias, a expressão "povo", até meados do século 19, abrangia todos aqueles que não tinham sangue nobre, nem pertenciam à Igreja.

Os burgos e a burguesia
Essas lutas e transformações que ocorriam no mundo ocidental passaram por duas fases. Num primeiro momento, tanto pobres quanto ricos queriam acabar com os privilégios da nobreza e do clero. Mas, no decorrer das lutas, os ricos souberam se beneficiar do processo, para garantir seu direito à propriedade. Isso quer dizer que a nova fase do capitalismo pode ser interpretada como a ascensão da burguesia, que se transformou na classe social mais poderosa a partir de então.
Mas quem são esses burgueses, afinal? Esse nome vem da palavra burgo. No período final da Idade Média, os burgos eram vilas, locais situados fora dos feudos, onde grupos de comerciantes e negociantes moravam e realizavam suas atividades. Assim, os burgueses passaram a ser identificados com os indivíduos que praticavam o comércio e ganhavam dinheiro. Em decorrência disso, com o desenvolvimento do capitalismo Industrial, a expressão "burguesia" passou a designar a classe dos ricos proprietários de indústrias e dos grandes negociantes.
Isso tudo indica que, a partir do século 18, a maior fonte de riqueza era a propriedade dos meios de produção (fábricas e equipamentos) pelos capitalistas (aqueles que têm o capital, ou seja, o dinheiro para adquirir esses meios). Já a maior parte das outras pessoas da sociedade, que não tinham esses recursos, viam-se forçados a se empregar nas fábricas, vendendo seu trabalho em troca de um salário. Através do trabalho, os operários (também chamados de proletários) geram riqueza para os capitalistas. Estes, além de cobrir seus custos com a produção, também conseguem obter lucros.

Adam Smith e o liberalismo
O funcionamento da economia industrial baseava-se em idéias que constituíram um sistema filosófico chamado de liberalismo. Essas idéias surgiram juntamente com a Revolução Industrial, no final do século 18. Na economia, um dos principais teóricos do liberalismo foi Adam Smith, que defendia a não intervenção do Estado na economia (tal como acontecera no Mercantilismo).
Segundo Smith, o jogo econômico era regido pela lei da oferta e da procura. Dentro dessa lógica, ninguém - particularmente o Estado - deve interferir no mercado, onde vigora uma competição, em que os mais capazes obterão melhores resultados.

A primeira Revolução Industrial
Esse modelo de capitalismo começou a se desenvolver a partir de 1760, quando a Inglaterra viveu a primeira Revolução Industrial. O que marca essa fase é a invenção do tear mecânico e da máquina a vapor, o uso de carvão e do ferro. Essas são características da indústria têxtil, que empregou os camponeses, forçados a deixar o campo pela falta de trabalho. Desde então, eles passaram a compor a população das grandes cidades.
A partir de 1860, outros países investiram também na formação de suas indústrias, numa fase que é denominada de segunda Revolução Industrial. Assim, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão iriam, até o começo do século 20, aplicar grandes capitais na produção de aço, energia elétrica e produtos químicos.
Durante essa fase, também, o capitalismo industrial se transformou em capitalismo financeiro, quando empresas e bancos se uniram, para obterem maiores lucros. Isso gerou a formação de grandes empresas multinacionais (que funcionam em várias nações ao mesmo tempo). Muito ricas e poderosas, elas impunham normas de produção e definiam os preços de seus produtos no mercado.

O sistema capitalista no século 20
No entanto, o capitalismo industrial e financeiro passou por várias transformações e desafios no decorrer do século 20. Primeiramente, com a Revolução Russa de 1917, que se propôs a construir uma sociedade comunista, ameaçando a ordem burguesa mundial. O risco de o comunismo se espalhar pelo mundo, acabou por dividi-lo em dois blocos econômicos, um capitalista e outro comunista, entre os anos de 1945 e 1989, no período denominado de Guerra Fria.
Além disso, o capitalismo enfrentou crises internas, inerentes ao próprio funcionamento do sistema.. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-18), os Estados Unidos emergiram como potência industrial e passaram a produzir mercadorias para uma Europa devastada pelo conflito. No entanto, com o passar dos anos, a produção norte-americana tornou-se maior do que a necessidade de consumo, o que gerou a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
Esse fato acarretou uma revisão do modelo capitalista liberal, a partir da qual passou-se a considerar a necessidade de o Estado também intervir na economia para evitar ou controlar crises. A livre iniciativa e a propriedade privada não foram questionadas, mas o governo passou a intervir na definição dos preços dos produtos, a conceder empréstimos a produtores e a procurar gerar empregos, através da realização de obras públicas e da recuperação das indústrias privadas.
Por fim, a partir da década de 1970, o capitalismo financeiro passou por uma nova fase, chamada por alguns economistas de terceira Revolução Industrial. Essa fase decorre da Era da Informática, ou seja, do desenvolvimento dos microcomputadores e da ampliação crescente da oferta de informação, que deu um salto com a popularização da Internet, nos anos de 1990. A partir de então, com a queda do regime comunista soviético em 1989, estabeleceu-se a chamada Nova Ordem Mundial, cujas principais características são a globalização e o neoliberalismo.

*Fernanda Machado é historiadora.
Fonte: Uol Educação
Disponível em: http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u13.jhtm

quinta-feira, 4 de março de 2010

Os mitos e fatos da mudança climática



Não deixe de ver as outras partes.

Esquerda e direita

Esquerda e direita


Artigo de ARIANO SUASSUNA, escritor paraibano, autor de "O Auto da Compadecida"

Publicado na Folha de São Paulo de 14 de setembro de 1999

Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.
Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.
Como conseqüência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.
Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande "assembléia geral" da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.
De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos "Atos dos Apóstolos", com o de Euclydes da Cunha em "Os Sertões". Escreve o primeiro: "Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade". Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: "A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia" (isto é, para a comunidade).
Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.

Bibliografia complementar: Clima

http://www.cpa.unicamp.br/ CEPAGRI - Unicamp, Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura.

http://www.cptec.inpe.br/ CPETEC, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (INPE).

http://www4.climatempo.com.br/ct/index.php Climatempo, empresa de meteorologia.

http://www.inmet.gov.br/ INMET, Instituto Nacional de Meteorologia

http://www.ipmet.unesp.br/ IPMET, Instituto de Pesquisas Meteorológicas - UNESP-SP.

http://www.brcactaceae.org/clima.html#volta Climas que ocorrem no Brasil, uma caracterização geral, com mapas bem resolvidos.